Release "como crianças"

Os personagens de "como crianças" são dois homens que se desdobram em vários outros que vão aparecendo no decorrer do espetáculo.
Através de um constante jogo de faz-de-conta entre um dominador e um dominado, que invertem seus papéis e compartilham do espaço cênico até desvendar a relação entre si. A todo o momento, os personagens se enredam numa cadeia de ações que acaba desnudando seus medos e conflitos internos.
A montagem do espetáculo alia as brincadeiras, as cenas de loucura e a literatura de sonho e de fantasia do Teatro do Absurdo e o dualismo característico do Teatro Pânico, ou seja, a combinação de poesia com a vulgaridade, a comédia com o melodrama, a megalomania com a humanidade.
A montagem de “como crianças”, tem todo o seu conceito plástico baseado na obra do artista plástico performático alemão Joseph Beuys . A pesquisa radical que Beuys construiu durante sua vida, dialoga com o texto, na medida em que expõe fragmentos das múltiplas possibilidades apresentadas pela sociedade do século XX. Crítico ferrenho da arte tradicional, Beuys transferiu para a sua própria presença física e para a presença de outros elementos (como animais vivos ou mortos, enormes placas de metal ou de feltro, etc...), as dúvidas e ansiedades do homem do século XX, reflexão essencial na montagem de “como crianças”. Do ponto de vista plástico, a obra do artista norteia toda a concepção cenográfica, dos objetos usados na cena ao figurino dos atores, que será uma reprodução da roupa usada por Beuys em sua apararições performáticas.
A direção do espetáculo sob a responsabilidade de André Francisco, objetiva causar uma forte identificação no espectador ao inspirar a pena e a raiva, o ódio e o amor, o medo e o desprezo, pelos personagens. A fragilidade das relações humanas será mostrada de forma poética e caótica, intensa e real.